- Coletivo Paralelas
Entrevista com Juliana Câmpoli: "Hoje em dia o professor também é amigo, mãe, psicólogo".
Atualizado: 18 de Out de 2019
No dia 15 de outubro se comemora o dia dos professores e professoras. Falamos sobre a origem dessa data aqui. Mais importante do que somente celebrar essa comemoração, é necessário valorizar os profissionais que, diariamente, regem salas de aulas com o intuito de formar pessoas. Como coletivo, acreditamos na educação como uma potência transformadora e um direito social básico, do qual ninguém deveria ser privado.
A partir dessas premissas, selecionamos professores que atuam em Poços de Caldas para nos falar sobre suas carreiras, experiências e perspectivas. Para abrir essa série de colunas, entrevistamos a professora de geografia Juliana Câmpoli. Confira abaixo esse papo na íntegra:
Em qual escola você atua e há quanto tempo?
Leciono na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, mais conhecida como Escola Padrão, na Zona Sul de Poços de Caldas, há 11 anos, desde a sua fundação.

Como surgiu a vontade de seguir essa carreira?
Minha mãe é professora, uma excelente profissional e acho que isso que me inspirou desde pequena. A minha brincadeira favorita era escolinha. Eu usava o porão da minha casa, utilizava os materiais que a minha mãe já não utilizava mais com os alunos dela e nunca podia ver uma porta, que eu já ia correndo desenhar os "globinhos" e escrever. Acho que, desde pequena, eu sempre tive vontade de ser professora de geografia e lutei muito, batalhei, nunca deixei esse sonho morrer em mim e consegui. Eu acredito que trabalhar com o que gente ama, faz muita diferença na vida da gente, pois nos enriquece muito e faz com que a gente acorde todo dia querendo sempre dar o melhor.
Como você acredita que a educação é importante para o desenvolvimento do país e de cada indivíduo?
A educação hoje ela visa uma formação global do ser humano, então ela vai além do conteúdo, ela precisa trabalhar valores, como ética, que estão totalmente perdidos na sociedade que a gente vive. E eu acredito que assim, só assim, a gente vai conseguir formar cidadãos críticos e responsáveis com as suas atitudes e visando sempre um mundo melhor pra todos.
Quais aspectos você consegue notar que melhoraram e/ou pioraram na educação pública?
Bom, o que melhorou, acredito que seja o aumento do número de vagas nas instituições públicas, principalmente no acesso ao ensino superior, com a criação dos institutos. Outra questão também é a inclusão. A escola hoje em dia ela é muito inclusiva e isso faz muita diferença. Ela consegue atender a todas as deficiências. Agora, o que piorou, eu acredito que seja a violência nas escolas, o comportamento dos nossos estudantes, a falta de envolvimento das famílias.
E todo o contexto político-econômico que a gente vive, que acaba nos tirando a perspectiva de futuro. Isso é nítido na sala de aula com os nossos estudantes, principalmente na questão do corte de verbas na educação. Isso acaba atingindo a todos.
Qual a principal missão do professor de geografia?
Eu procuro passar como missão que a geografia vai muito além de mapas, que são fundamentais, mas vai muito além disso. Procuro fazer com que os educandos comecem a enxergá-la com a importância que ela merece. Estou sempre investindo o máximo de esforço para tornar minhas aulas atrativas. Zelo muito pela formação de cidadãos críticos, atuantes de maneira responsável no nosso mundo e procuro reger todas as minhas atitudes com muito amor, o que é muito importante.
Porque hoje em dia o professor também é amigo, mãe, psicólogo.
Então acredito que, regendo todas essas atitudes com amor, a gente consegue ir além. Assim, todos nós ganhamos, porque são os nossos adolescentes que com os seus pensamentos, atitudes e valores que vão determinar os rumos do nosso mundo e um futuro próximo.

Como a escola em que você atua tenta colaborar com a formação dos alunos, diante desse cenário?
A Escola Padrão, quando vamos perguntar para ex-alunos, uma palavra que exemplifica bem ela é a palavra acolhedora. Então procuramos acolher muito bem eles e a todos. A gente sempre avisa para eles "gente, estamos de portas abertas para ouvir vocês, saberem o que pensam, o que querem". Costumamos trabalhar muito a autonomia dos alunos, trabalhamos com projetos, fazendo com que eles gostem mais da escola, tenham um prazer em vir estudar. Porque o mundo lá fora está mundo difícil e hoje em dia os nossos estudantes, a maioria, não tem uma estrutura familiar. O que a gente pode fazer é o que está ao nosso alcance e com muito amor.
Que mensagem você daria para quem quer se tornar professor?
Eu acredito que quem quer ser professor já nasce com essa vontade. Aconselho a ter muito amor nas atitudes, estar sempre atento ao próximo, porque é uma missão muito bonita e acho que hoje em dia a pessoa nasce professor.
Até mesmo porque nem eu saberia explicar porque eu sempre quis ser professora, eu nasci com essa vontade.
E procuro também incentivar os alunos, se eles tem essa vontade e esse amor, para poder passar pro próximo. É um chamado. Valorização muitas vezes não tem mesmo. Mas quando vai passando o tempo, você vê que consegue sim fazer a diferença na vida de um ou de outro. É uma missão.
O Coletivo Paralelas agradece à professora Juliana Câmpoli e parabeniza, também, pelo amor e dedicação nesse ofício tão bonito!